quinta-feira, 3 de setembro de 2009

VIAGEM À ESPANHA!





Cansada da sengracice das viagens aéreas,rápidas,mas,insossas,decidi ir da trem de Barcelona á Madri. Saímos da Estación di Sanctis, num trem confortavel, limpo e com cabinas climatizadas;era começo de outubro e o frio já se fazia presente. Passamos por suburbios ferroviarios, que nem de longe se parecem com os daqui,tão feios e tão sujos;belas casas,jardins,um certo quê de opulencia; na Europa é chique morar nos suburbios. O trem corria,célere,"a la orilla del mar". Passamos pela bela cidade de Tarragona,onde eu ja havia estado,de navio. Está um radioso dia de sol e já alcançamos Torredembarda, lindo burgo com um castelo medieval;pena que não pude saber nada da sua história,eu que sou vidrada em historia antiga.Um rapaz passou empurrando um carrinho cheio de gulodices, água e refrigerantes;vai e vem com seu carrinho,prá lá e prá cá,num balé monótono.
Mudei de janela,escolhi uma panorâmica,a 38-39;tinha direito;afinal,é minha primeira viagem de trem,na Europa,e aqui não temos disto; nunca entendi como um país continental,como o nosso, pode prescindir do transporte ferroviario.
Meu vagão está semi-vazioAs poltronas são anatômicas,ponho minha valise de mão no chão e meus pés sobre ela.
A viagem transcorre como um belo sonho ;não há barulhos,nem fumantes,tudo perfeito.
Estamos eu Lliure,avisto uma praia bem bonita,deve ficar lotada,no verão.
Casas ricas,brancas,mediterrâneas.Muita quietude e paz;deve ser um lugar bom para viver;
O trem para na estação, torço para que não entre ninguém para me expulsar do "meu"banco;entra uma "señorita",mas,senta no banco ao lado.
Conversamos,ela conta que é de Tarragona,mas,não gosta de cidades grandes,vai trocar por uma menor.
De repente ,uma música envolve a cabine,com alegres acordes-Contos dos Bosques de Viena-meu coração se aquece.
O trem só demora 5 minutinhos e "se marcha"Vem um funcionário com auriculares para os passageiros ouvir em um filme que passa na TV á minha frente.
A voz, no autofalante anuncia o inicio do serviço de bordo;passará um funcionario para anotar os pedidos.
Chegamos a Reins exatamente ás 13.05 hs.é uma região agricola,muitos silos para armazenar grãos;Pequeno burgo encravado nas rochas,uma pequena estação;avisto as torres dos campanários,ao fundo;recordo a música de Calheiros,que tanto ouvi na minha infancia:"no alto dum campanario,uma cruz simboliza o passado..."Não sei como essas coisas vêm parar ás nossas cabeças.Percebi muitos túneis,entra em um para sair em outro...Boas rodovias,bem sinalizadas,paralelas á via férrea.
Paradel de la Texeta,plenos campos espanhois.Vejo um rio,com praias,qual será? O Ebro,talvez...Outra cidadezinha campesina,um ar bem antigo;linda de doer! Um pontilhão,sobre um belo rio,região de serras baixas e escarpadas.O rio nos acompanha,ferrovia,rio,estrada.
O balanço do trem começa a me dar sono;epa!uma cidade grande,qual será?a falta que um mapa faz.Vejo um monjolo,num campo infinito;um rio largo,uma central elétrica Erkinia S/A é o nome da usina ou parque industrial. O rio fica mais largo,passamos por Fayón,um pequeno arrabalde.Um pequeno vale entre montanhas,uma horta bem tratada,alguns açudes e aguadas.
Vou ao toilete,que se parece com o dos aviões,limpo,funcional e impessoal.Circunspectos senhores , empregados da RENFE-rede ferroviaris espanhola,passam por mim com a postura de lordes ingleses;perfumados,elegantes nos seus paletós marinhos. Começa uma região de fazendas-Chiprana_outro vilarejo campestre;Samper de Calanda,tem um pequeno castelo ou monasterio,parece um pequeno "village",adoravel.Depois de km. de planicies áridas e desgraciosas estamos chegando a Zaragoza, apenas avistei os campos cultivados,passamos distante da cidade.Uma adoravel igrejinha medieval-La Cartuja-ilumina a paisagem.
Esta é a Espanha industrializada,repleta de silos,fábricas e barracões.Aviso de chegada á Zaragoza,bela cidade da região de Aragón.
Chegou a senhora , dona da minha cadeira;muito gentil,não quis que eu saísse;justo,justissimo;ela deve fazer esta viagem com freqüencia,eu não;feliz como pinto no lixo,continuei olhando tudo.
Os avisos internos do trem são em catalão,espanhol e inglês. Admiro uma fortaleza em Ricla,no alto de um morro.A TV mostra partes de Madri a ser visitadas e eu me delicio com as cores do outono,uma luminosidade indescritivel;imagino o cheiro lá fora,aquele adocicado no ar,as folhas caindo,aluz.
Paraciellos,fazendas e mais fazendas,um castelo em ruinas,no alto guardando a cidade.
Passamos Terrel,agora Atecas,um "poble" de casa feias,Alhama de Aragón,Ariza.
Pôr do sol no campo,matizes sépia,belas plantações de flores e muito,muito verde;visões de Matisse,Thoreau,Utrillo...Estamos perto de Madri,uma rodovia estreita e sem acostamento,corre paralela a nós.Os nomes desfilam Medinacelli,Torralba.
Uma visão bíblica,um criatório de carneiros, de repente o chão se cobre de branco,milhares de patas,os borregos,tão bonitinhos;aqui se come muito "ternero" e exportam também. Guadalajara,cidade grande,ja deve ser arredores de Madri. São 18.20hs;daqui a meia hora,chegaremos.Pronto:Estação Chamartin,exatamente no horario.
Adorei a viagem que recomendo a quem não tem pressa de chegar,Belas paisagens de Espanha,que nunca veremos de dentro de um avião e nunca saberemos o quanto perdemos.Olé!!!!

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